sexta-feira, 29 de junho de 2012

Comentário de Sarney sobre o livro "A Noite das Garrafadas", de Chico Castro

O livro do escritor e jornalista piauiense Chico Castro sobre A Noite das Garrafadas, editado pelo Conselho Editorial do Senado Federal, relata de os episódios decisivos da abdicação de D. Pedro I, em 7 de abril de 1831, com destaque para a famosa arruaça no centro do Rio de Janeiro no dia 11 de março, quando o Imperador voltava de uma viagem a Minas Gerais. Os capítulos dividem a obra pelos pecados capitais, cujo cometimento explicaria a abdicação. Chico Castro faz um retrato dos antecedentes do episódio, desde a maldição dos primogênitos, que atingia os primeiros filhos dos chefes da casa de Bragança, passando pela situação do Brasil no século XVIII. Há também o que considera seus dois focos econômicos: o ouro mineiro e o algodão maranhense — e, como pretende demonstrar, piauiense —, pela vinda da Corte Portuguesa para o Brasil em 1808, pelas agitações constitucionais que forçam a ida de D. João VI para Portugal, a formação do Parlamento etc. Chega ao governo de D. Pedro I para mostrar como se armou o conflito com os liberais, que culminou com o assassinato do jornalista Líbero Badaró. Daí é um passo para o predomínio do partido português no governo e para a inviabilidade da manutenção da coroa. O autor faz um retrato severo de D. Pedro I: “…era um fanfarrão acostumado a beija-mãos e a louvores públicos. Atraindo para si os males de que depois padecia, acabou por angariar a fúria e a antipatia da sociedade que não suportava tantos desmandos administrativos. No fim do seu breve reinado, não teve a sensibilidade de proteger-se à sombra do anteparo da classe comum dos cidadãos, senão de se expor entre aqueles que o povo amaldiçoa.” Polêmica, a visão de Chico Castro se soma à já extensa historiografia do período, trazendo de volta a questão da personalidade complexa de nosso primeiro Imperador. A edição traz alguns erros de revisão, como, por exemplo, chamar repetidas vezes o Príncipe Regente D. João, futuro D. João VI, de D. João V. Um pecado a ser corrigido nas próximas edições.

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