terça-feira, 31 de julho de 2012

CPI pretende quebrar sigilos de Andressa e já cogita indiciamento

Para parlamentares, detenção em Goiânia indica que ela assumiu operação do esquema após prisão de Cachoeira

Ricardo Brito, Alana Rizzo / O Estado de S.Paulo

A cúpula da CPI do Cachoeira vai sugerir no fim dos trabalhos o indiciamento de Andressa Mendonça, noiva do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A detenção de Andressa ontem em Goiânia, após suposta chantagem, reforçou a convicção dentro da CPI de que a mulher assumiu papel de comando na organização. A equipe técnica da comissão tem trabalhado com informações segundo as quais Andressa seria uma espécie de laranja no esquema de lavagem de dinheiro de Cachoeira. Agora, para um integrante da cúpula da CPI, estaria provado que ela também faz parte da "quadrilha". Andressa vai depor na comissão no dia 7. "(A detenção) evidencia que ela estava sendo uma espécie de operadora da organização", afirmou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), favorável à quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Andressa, que não foram realizados durante a Operação Monte Carlo. "Comprovamos os indícios do seu envolvimento", afirmou o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que quer indiciá-la. Embora não queria antecipar uma decisão ao Estado, o relator disse a interlocutores também ser favorável ao indiciamento de Andressa.



Articuladora. Com a prisão de Cachoeira, em 29 de fevereiro, coube a Andressa a articulação política e jurídica do processo, segundo integrantes da CPI, policiais federais e procuradores. Toda semana, a mulher visita o contraventor na prisão, em Brasília, mantendo intenso contato com os advogados do caso, e não só com os que defendem o companheiro. Andressa também tem conversado com os acusados que estão em liberdade. Nos dois dias de audiência da Justiça Federal sobre o caso em Goiânia, na semana passada, chamou a atenção a desenvoltura de Andressa com os comparsas do grupo. Ela conversou com todos os seis réus e com os advogados dos aliados do contraventor. Andressa foi autorizada a conversar diariamente com Cachoeira nas instalações da Justiça goiana. O último encontro, na quarta-feira, foi reservado. Nesse dia, Andressa relatou ter ido ao gabinete de Alderico dos Santos no intervalo do almoço e definiu o juiz como "tacanho, meio capiau". No dia seguinte, em novo encontro, Andressa teria feito a suposta chantagem, segundo Alderico relatou ao Ministério Público. "Todos os negócios dele (Cachoeira) estão sob a coordenação dela (Andressa), sejam as articulações, sejam as cobranças de dívidas", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Para o parlamentar, Andressa deve ir à comissão na condição de investigada, e não de testemunha.

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