quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sucessão 2014


Por Olimpio Guarany*

Era inevitável que um dia após a apuração dos votos que deram a vitória a Clécio Luis (PSOL)  viesse à baila a disputa eleitoral que ocorrerá daqui a dois anos. Nem é de se estranhar, afinal essas eleições municipais serviram, digamos, de preliminar para o jogo eleitoral de 2014. O cenário não será tão diferente daquele que foi pintado antes do pleito municipal. Lá atrás já tratamos disso e o desenho se mantém. O que alterou foi a correlação de forças. Diziamos que, dependendo do resultado, os pesos dos grupos politicos envolvidos na disputa se alterariam. É certo que o bloco que gravitou em torno da campanha de Clécio saiu fortalecido. Aliás, os partidos que estiveram com Clécio no segundo turno são os mesmos que concorreram para a vitória de Robson Rocha (PTB), em Santana, o segundo maior municipio do estado, exceto o PCdoB. Dai pode-se concluir que, detendo o controle das duas maiores prefeituras do Estado, esse novo vetor terá caminho próprio em 2014. E não poderia ser diferente. Esse grupo saiu robustecido por nomes fortes com estatura para concorrer a cargos majoritários, tais como: Lucas Barreto, Randolfe Rodrigues, Papaléo Paes, Davi Alcolumbre e Jorge Amanajás. De que forma esse time vai concatenar as jogadas, isso vai depender de como vão se entender a partir de agora, mas é certo que essa relação será decisiva para as pretensões visando o jogo de 2014. De outro lado, o grupo de partidos que se formou em torno da candidatura do atual prefeito Roberto Góes, deverá se manter na raia, na tentativa de voltar ao poder. Não dá para desprezar o nicho eleitoral captado por Roberto que teve quase a metade dos votos em Macapá. Sem o controle da máquina municipal fica mais dificil, é verdade, mas é  suficiente para sustentar um projeto com vistas as majoritárias. Esse grupo tem como expoentes o ex-governador Waldez Góes, o ex-senador Gilvam Borges, a deputada Dalva Figueiredo e o próprio Roberto, prontos para a disputa. Na outra ponta está o bloco  PSB-PT que controla o poder estadual. Foi o que teve maior prejuizo com a derrota de sua candidata a prefeitura de Macapá, ainda no primeiro turno. O desastre eleitoral acabou sendo debitado na conta do governador Camilo Capiberibe que acumulou mais desgaste com claro aumento no índice de rejeição. Mas, máquina é máquina, e especialmente a do Governo do Estado, que possui maior poder de fogo ou de caixa como queiram. Daqui até lá temos menos de dois anos e isso vai exigir esforço dobrado de Camilo para se recuperar, se quiser chegar com gás para disputa de 2014. A esperança está depositada no programa habitacional, em andamento, indispensável para criar as condições de disputa, sem perder de vista outras deficiências, especialmente na saúde. Há um outro aspecto que precisa ser acompanhado por conta da movimentação do governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) que tem dado sinais de que pretende entrar na disputa presidencial. Se isso ocorrer, o PSB poderá ficar sozinho no Amapá,considerando que o PT tem seu projeto de reeleição de Dilma.  Portanto, se se mantiverem as condições de temperatura e pressão, e nenhuma variável interveniente aparecer, o cenário de 2014 já está pronto.

* Olimpio Guarany é jornalista, economista, publicitário, apresentador de TV e professor universitário

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